Sequências didáticas são sequências de atividades destinadas a promover ensino-aprendizagem, tendo como objetivo principal a compreensão e uma aprendizagem significativa. Elas podem ser aplicadas em todos os níveis de ensino e etapas do processo de ensino-aprendizagem (levantamento de conhecimentos prévios, apresentação, contextualização, análise, discussão em torno de problemas e soluções possíveis e, finalmente, sistematização).
As sequências didáticas apresentam-se como um modelo organizativo da prática pedagógica que tem como objetivo promover o processo de ensino-aprendizagem.
Delia Lerner apresenta três modelos organizativos para o planejamento do professor: atividades permanentes, sequências didáticas e projetos didáticos. Para Lerner, “planejar dessa forma ajuda a pensar o progresso dos alunos e favorece a retomada consciente de conteúdos durante a vida escolar.
Para Zabala (1998, p.18) sequências didáticas são “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos.
Sob a perspectiva pedagógica da sequência didática, o professor pode planejar atividades que contemplem o objetivo de ensino-aprendizagem proposto , de acordo com os seguintes conceitos:
introduzir: levar os alunos a se familiarizarem com conteúdos e conhecimentos;
retomar: quando se tratar de conceitos ou capacidades já dominados ou
consolidados em período anterior;
trabalhar: para favorecer o desenvolvimento pelos alunos;
consolidar: sedimentando os avanços em seus conhecimentos e capacidades.
O professor ao trabalhar com a leitura deve refletir sobre os procedimentos didáticos e aspectos instrucionais que devem ser adotados junto aos alunos para mediar o desenvolvimento das habilidades necessárias a compreensão leitora dos mesmos.
O planejamento alicerçado sobre sequências didáticas favorece ao professor, a realização de um trabalho que atenda aos vários perfis de alunos e suas diferentes necessidades educativas.
Scheneuly e Dozl (2004) utilizam o termo sequência didática para se referirem a um conjunto de atividades escolares organizado de maneira sistemática em torno de um gênero textual oral e/ou escrito. Dessa forma, percebe-se que o próprio conceito traz em si, o princípio da sistematização da atividade pedagógica.
Para Moura, Martins e Caxangá, no ensino da leitura, o professor deve atuar como um mediador. Nesse modelo, o trabalho com a leitura é considerado como uma prática social e pressupõe o desenvolvimento de capacidades no leitor que o possibilite a interagir com diferentes genêros textuais, pertencentes a múltiplos domínios discursivos e que o torne capaz de usar a leitura como instrumento para continuar aprendendo.
Nessa concepção, a interação entre o aluno e o professor, no momento da leitura é crucial, porque é essa ação que permite ao aluno entender não só as informações explícitas na superfície do texto, mas também o implícito.
É importante que o professor tenha a leitura tutorial como prática presente em seu dia-a-dia, neste tipo de leitura, o professor assume a condição de mediador fazendo as intervenções necessárias para que o aluno atinja a compreensão leitora.
Assumir a leitura como uma atividade em que alunos e professores passam a ser sujeitos ativos e colaborativos, implica novos procedimentos e comportamentos:
1. Compreensão da leitura enquanto prática social;
2. Concepção da linguagem enquanto processo de interação;
3. O gênero textual e sua finalidade:
Como procedimento de mediação da leitura dos diversos gêneros textuais, o professor necessitará fazer a exploração das dimensões presentes no texto: o cotexto, o contexto, o infratexto e o intertexto.
O cotexto compreende os elementos linguísticos e a estrutura que definem a materialidade do próprio texto. É essa dimensão que caracteriza as escolhas gramaticais e lexicais que remete o leitor a compreensão das intenções do autor. O contexto, segundo Koch, “é um conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a interpretação de um texto”. Para que haja compreensão do texto, é necessário que autor e leitor compartilhem, pelos menos parcialmente, conhecimentos, tais como: enciclopédico, sociointeracional, textual, entre outros. Já o infratexto diz respeito ao processo de inferência, que, segundo Marcuschi (2008) corresponde a geração semântica de novas informações a partir daquelas que já possuímos em um dado contexto. A noção de inferência é fundamental na compreensão leitora, considerando que ela permite ao leitor ampliar o seu conhecimento sobre o objeto de leitura de que trata o texto. O intertexto corresponde ao pressuposto de que todo texto é resultado de confluência de outros textos.
4. Estratégias sociocognitivas (estratégias que o sujeito mobiliza, no ato da leitura, para processamento textual, que envolvem três sistemas de conheciementos: o linguístico, o enciclopédico e o interacional);
5. Organização didática;
6. Estratégias de leitura;
7. Estratégias metacognitivas (c0nhecimento que o sujeito tem sobre seu próprio conhecimento);
8. Estratégias de mediação.
Sequência Didática Aplicada à Leitura | |
O cotexto | · Antes de iniciar a leitura do texto, é importante que o professor oriente o aluno a fazer uma leitura silenciosa para avaliar o nível de dificuldade do texto. Em seguida discuta a técnica de leitura adequada ao objetivo do texto: sublinhar as informações importantes, anotar as palavras desconhecidas. Ajudar o aluno a: · Reconhecer o gênero do texto, a organização estrutural do texto, para que ele aprenda a perceber o objetivo da leitura; · Identificar o objetivo da leitura e a persegui-lo durante a leitura; · Acionar os conhecimentos prévios; enciclopédicos, conhecimento lingüístico, conhecimento interacional, por meio de perguntas direcionadas estabelecendo previsões sobre o texto; explorando o tema, a área abrangente; · Localizar informações explícitas no texto e a inferir o sentido de uma palavra ou expressão; · Expor o que já sabe sobre o tema · Prestar atenção a determinados aspectos do texto que podem ativar seu conhecimento prévio; · Levantar hipóteses sobre alguns aspectos do texto; · Perceber as relações de hierarquia das informações nos parágrafos: ideias central e secundárias; · Perceber a linearidade do texto; a progressão das informações e da distribuição nos parágrafos e a identificar dos elementos gramaticais que colaboram na construção da progressão do texto; · Estabelecer relações lógico-discursivas marcadas por sequencializadores. · Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato; · Utilizar os recursos multimodais apresentados no texto (tabelas, gráficos, figuras etc) como elementos que ajudam na construção de sentido do texto. · Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações; · Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e interlocutor de um texto. · Desenvolver determinadas habilidades necessárias à compreensão leitora, dentre elas: a relação, a analogia, a síntese, classificação, a ordenação hierárquica, a descoberta da coerência global do texto, a comparação e a avaliação; · Buscar as relações existentes nas informações presentes no texto: principalmente as de causa e consequência. · Avaliar o seu nível de metacognição, identificando as informações novas aprendidas com a leitura do texto.
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O contexto | Ajudar o aluno a: · Perceber a função social do texto; · Reconhecer autor, a intenção, o interlocutor, o suporte, a situação de produção (época, local, fatos relacionados) · Estabelecer uma relação de sentidos entre o texto e a experiência (universo comunicacional do aluno) procurando torná-lo mais real possível · Fazer a relação entre as informações do texto e o conhecimento já consolidado (o texto e a experiência) · Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e que será recebido; |
O infratexto
| Ajudar o aluno a: · Perceber o implícito no texto, acionando os conhecimentos culturais para que ele perceba a diferença entre real e ficcional; · Relacionar o conteúdo do texto com sua realidade; · Fazer as inferências a partir das pistas oferecidas pelo autor: as analogias que se pode fazer. |
O intertexto | Ajudar o aluno a: · Buscar outros textos que tratam sobre o mesmo tema; · Perceber diferentes formas da intertextualidade: elementos no texto que remetem a outros textos; · Analisar paráfrases e paródias em diferentes situações; |
O registro da leitura
| Ajudar o aluno a: · Retomar as aprendizagens construídas a partir da leitura do texto de modo a ampliar sua visão de mundo · Retomar de forma sintética as informações contidas no texto, para que o aluno reelabore o texto sem que se sinta incapaz de fazê-lo. · Sistematizar em forma de resumo as informações principais do texto, para que ele desenvolva as habilidades de compreender, distinguir, hierarquizar, questionar, descobrir a estrutura textual e outras, além da capacidade de organização da escrita. Esse momento gera também a oportunidade de refletir sobre a leitura realizada. Pode ocorrer através das seguintes possibilidades: atividades orientadas para a compreensão do texto (perguntas); resumo do texto; mapa conceitual. |
BIBLIOGRAFIA:
Brasília, Secretaria de Educação Básica/ MEC. Proletramento.
MOURA, Ana Aparecida Vieira de. MARTINS, Luzineth Rodrigues. CAXANGÁ, Maria do Rosário Rocha. "A sequência didática aplicada à leitura: os explícitos, os implícitos e a mediação do professor." Disponível em: http://leituras.literaturas.pro.br/index.jsp?conteudo=406
http://atelierdeducadores.blogspot.com/2010/12/sequencias-didaticas.html#ixzz1LbAm2Jwz
ZABALA, Antoni. A prática educativa. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998.